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De que maneira podemos ajudar pessoas cegas nas ruas, por Lucia Virginia Mamcasz Viginheski

Além das técnicas específicas de Orientação e Mobilidade (OM), a família e a sociedade têm um importante papel neste processo de aprendizagem de locomoção

Por: Poliana Kovalyk

- 21/03/2022 19h59

Talvez você já tenha encontrado uma pessoa cega caminhando sozinha pela rua, fazendo uso de uma bengala para se locomover e se orientar. Isso é possível porque essas pessoas aprendem, em instituições especializadas na área da Deficiência Visual, a fazer uso de técnicas específicas de Orientação e Mobilidade (OM), as quais ajudam as pessoas cegas a se locomover em diferentes espaços urbanos, abertos ou fechados. Além da bengala, elas fazem uso de um sistema complexo de orientação, o qual envolve o desenvolvimento motor, sensorial, cognitivo, social e outros. Dessa forma, a aprendizagem de OM é um processo complexo, num primeiro momento as pessoas cegas precisam superar as dificuldades associadas à falta de visão, em diferentes aspectos, o que exige uma reorganização e estabelecimento de novas formas de interação (Silva, Ramirez, 2012). A família e a sociedade têm um importante papel neste processo e, após vários anos ensinando as técnicas de OM, trazemos aqui alguns pontos importantes para que as pessoas saibam como orientar as pessoas cegas em sua locomoção.

Não é preciso temer a deficiência visual, no sentido de não saber o que fazer. Um simples toque no ombro, um oi e uma apresentação são gestos suficientes para um primeiro contato. Perguntar se ela precisa de ajuda e qual o tipo de ajuda. Pegar a pessoa cega pelo braço e sair andando é uma atitude precipitada. Destacamos que na locomoção com guia vidente (nome dado à pessoa que conduz a pessoa cega) é a pessoa cega quem pega no braço da pessoa que enxerga (na altura do cotovelo). Quando a ajuda for apenas verbal, fazer usos de termos precisos, como “vire a direita”, “vire à esquerda” e não termos como “por aqui”, “por ali” e outros que são utilizados por quem enxerga. E também, entender quando a pessoa cega não necessita de ajuda.

Pode acontecer de você encontrar na rua uma pessoa cega conhecida e, ao cumprimenta-la, não se identificar, achando que ela irá te reconhecer pela voz. Da mesma forma como muitas vezes não reconhecemos as pessoas pela fisionomia, isso também pode não acontecer. No momento do encontro, dê um toque no ombro da pessoa cega para que ela saiba que você está falando com ela e se apresente, dizendo o seu nome.

Se você estiver parado na calçada e uma pessoa cega vir ao seu encontro, lembre-se que é você quem enxerga e quem deve dar passagem. Isso vale também se você estiver se locomovendo. Caso perceba que essa pessoa está com dificuldades, se coloque à sua disposição.

Se você estiver conduzindo um automóvel e perceber que uma pessoa cega tem a intenção de atravessar a rua, não adianta ficar acenando dentro do carro para ela passar. Neste caso, se for possível, você pode avisá-la oralmente para que ela realize a travessia, ou, então, aguardar até que ela perceba que pode fazer isso em segurança.

Ciclistas precisam ter uma atenção redobrada, porque nem sempre é possível escutar os ruídos produzidos pela bicicleta.

Chamamos a atenção também das pessoas que têm animais de estimação soltos nos jardins de suas casas. Esses animais podem avançar quando a pessoa cega está passando, e o fato de elas não perceberem visualmente se o animal está preso ou solto, pode assustá-las. E quando estão caminhando pelas ruas com seus pets, fazer uso de guias, para que não aconteçam acidentes e, com eles, situações constrangedoras. 

Se possível, colocar em suas casas lixeiras que possam ser recolhidas para a parte interna do muro ou, então, lixeiras fixadas no chão, fora da área de passeio, para evitar acidentes.

Essas são algumas das atitudes que contribuem para o processo de locomoção das pessoas cegas.

REFERÊNCIA

SILVA, R. F. L. da.; RAMIREZ, A. R. G. Locomoção independente: contribuições para os programas de orientação e mobilidade. Informática na Educação: Teoria e Prática: v. 15, n. 2, p. 183-197, 2012. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/InfEducTeoriaPratica/article/view/21839/23713.