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Partir um comprimido ao meio é uma prática segura e eficaz para o tratamento medicamentoso? Por Luciana Alves de Camargo

A decisão pela partição de comprimidos exige cautela e deve ser avaliado por profissionais.

Por: Poliana Kovalyk

- 19/04/2022 09h27

Em nossa rotina diária fazemos o consumo de diversos tipos de medicamentos que podem estar disponíveis nas mais variadas formas farmacêuticas. Em especial, no uso de comprimidos, podemos observar situações em que esses são cortados/ partidos ao meio por diversos motivos. No entanto, essa prática que a princípio parece ser benéfica pode trazer consequências prejudiciais para o tratamento medicamentoso. 

A partição de comprimidos consiste em sua divisão física em duas ou mais frações. Dentre as vantagens tem-se a flexibilização de dose, sobretudo em pacientes idosos e crianças, especialmente em situações em que as posologias não estão contempladas nas apresentações comerciais disponíveis; facilitação de deglutição e redução de gastos com a terapia; além de viabilizar o início do tratamento com a mínima dose efetiva, propiciando diminuição da ocorrência de reações adversas.  Contudo, tem-se como desvantagens a dificuldade de partição, principalmente em comprimidos pequenos, divisão em partes desiguais e perda do produto, impossibilitando a determinação da resposta ao tratamento medicamentoso. 

Estudos apontam que a partição de comprimidos pode comprometer a posologia do medicamento, implicando em possíveis falhas terapêuticas. Além disso, um comprimido fracionado está mais suscetível a contaminação microbiológica, alterações em sua farmacocinética, perda da estabilidade, ausência de uniformidade e possível intoxicação decorrente do manuseio do comprimido durante o processo de partição.

De acordo com o Conselho Federal de Farmácia (CFF) é recomendado que a partição seja feita em comprimidos sulcados (que possuem uma linha no centro do comprimido), que apresentem baixa toxicidade, janela terapêutica larga, sejam custo-efetivo para partição e não tenham revestimento de liberação entérica ou prolongada. 
Segundo recomenda a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a partição de comprimidos somente deve ser realizada em comprimidos que sejam sulcados e que tenham sido submetidos a testes de controle de qualidade para avaliar a sua capacidade de partição.  

A FDA (Food and Drug), agência sanitária dos Estados Unidos, estabelece instruções para orientar a partição. O órgão preconiza que cabe aos profissionais de saúde a responsabilidade em decidir sobre a partição em determinadas situações específicas, e até mesmo quando não houver recomendação do fabricante para esta prática. 

Dentre as recomendações, o cuidado em especial no armazenamento das frações partidas, sendo aconselhado evitar lugares úmidos como armários de banheiros. Orienta para a realização da partição de um comprimido por vez para evitar o atrito mecânico entre as frações seccionadas, pois pode resultar em imprecisão na dosagem. Também aconselha a forma mais indicada para o armazenamento da fração não utilizada do comprimido, que é guardá-lo na própria embalagem primária, evitando a exposição às condições adversas. 

Quanto à forma de realizar a partição é recomendado que seja avaliado as características como tamanho e formato de cada comprimido, e o uso de partidor de comprimidos. O utensilio, além de ser facilmente encontrado em farmácias comerciais, é uma estratégia útil, promovendo maior segurança, contudo, é exigido maior grau de destreza manual por parte do paciente para a precisão do corte. 

Diante do exposto, a decisão pela partição de comprimidos exige cautela e deve ser avaliado os diversos aspectos que garantam o sucesso desse procedimento, tais como, verificar na bula do medicamento se há informações que recomendam essa prática; em caso positivo a partição deve se limitar à marcação feita pelo fabricante;  habitualmente somente comprimidos sulcados podem ser partidos; deve ser avaliado a habilidade do paciente na realização dessa prática; os partidores de comprimidos podem ser utilizados, todavia, o paciente deve receber instruções para o uso correto. 

A partição de comprimidos pode ser uma prática útil quando permitir que a dose do medicamento seja exatamente aquela que o paciente precisa. No entanto, é imprescindível que o médico, o farmacêutico e paciente estejam de acordo.